segunda-feira, 28 de maio de 2007

TV DIGITAL: A DIALÉTICA DA IMPOSIÇÃO

Ao analisarmos as informações que envolvem a substituição da TV analógica pela digital no Brasil podemos levantar alguns questionamentos interessantes:

Os meios de comunicação de massa muitas vezes atuam como meros reprodutores da ideologia capitalista que sufoca os interesses da coletividade. Nesse cenário o poder público e o poder econômico estão sempre aliados e desta vez irão propiciar ao Brasil a implantação da melhor tecnologia em TV digital do mundo: o padrão japonês.

O governo, bastante otimista, publicou no Diário Oficial o cronograma que prevê a atuação dos estados durante todo o processo de implantação, que culmina em 2016, quando o sinal analógico será desligado. O modelo japonês conhecido pela sigla (ISDB-T), concorreu com o europeu (DVB-T), e com o americano (ATSC). Venceu por permitir mobilidade (recepção em veículos em movimento) e portabilidade (recepção em aparelhos celulares), além de possibilitar a transmissão em alta definição.

A economia no Brasil sempre foi atrelada aos interesses estrangeiros. Através de mecanismos de coerção como o FMI (Fundo Monetário Internacional), os EUA tentam manter o controle da economia no Brasil e no mundo.

Como um país em situação de dependência econômica e cultural poderia se dar ao luxo de “escolher” alguma coisa? Não é à toa que a discussão sobre a determinação de um marco regulatório não tem previsão para acabar. A concessão de canais de televisão no Brasil sempre foi permeada de “maracutaias” de políticos que controlam diversos canais, embora os seus nomes não figurem como sendo proprietários dessas empresas. Ou seja, nos bastidores do mundo das telecomunicações a lógica capitalista é que prevalece.

Que tipo de interatividade a TV digital trará para pessoas que mal possuem um rádio e um televisor dentro de casa? A única interação que o pobre coitado conhece é aquela em que ele junta as moedas para comprar pão todos os dias. O salário mínimo não dá para comprar comida, quanto mais “conversor de imagem” que deve custar em média R$ 400,00. Pelo visto quem vai acabar pagando as contas desse banquete oriental vai ser o povo, como sempre. Quando terminar essa novela digital será que a população em geral vai poder dizer “arigatô”?

Um comentário:

Marco Antonio disse...

Realmente precisamos estar atentos quanto essa tal "dialética da imposição". No Brasil se compra a facilidade para vender a dificuldade. Isso é o cúmulo da ignorância! Deveríamos estar acostumados, mas é difícil...